sábado, 30 de abril de 2011

A MÚSICA NUNCA PAROU ( THE NEVER STOPPED)

O novo filme baseado  em um estudo de caso do Dr. Oliver Sacks ressalta a importância da musicoterapia na reabilitação de danos neurológicos. Utilizando-se do repertório do paciente, no caso bandas de rock como Beatles e Grateful Dead, a musicoterapeuta  mostra que o processo musicoterapêutico pode alcançar onde nada mais alcança.

Dirigido por Jim Kohlberg, " The Music Never Stopped" (A Música Nunca Parou), narra a viagem de um pai que ao saber que seu filho Gabriel sofre de uma grave lesão cerebral, parte em busca de um vínculo à muito perdido. A música é a ponte entre o abismo que separa as gerações da década de 1960.
http://musicasaude.blogspot.com/2011/04/music-never-stopped-filme-destaca-o.html#comment-form

NÃO PERCAM !!!

domingo, 3 de abril de 2011

UM JEITO AUTISTA ESPECIAL DE SER E DE VIVER: MUSICOTERAPIA AJUDA

                                                                                                                      Nydia do Rego Monteiro

Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, também chamado de Transtorno Global do Desenvolvimento, grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação, e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo (CAMARGOS JR, 2001) Os transtornos invasivos do desenvolvimento são: Autismo, Síndrome de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Síndrome de Asperger e Autismo Atípico. As diferenças costumam se tornar aparentes antes da idade de três anos. E os familiares e pessoas envolvidas muitas vezes não conseguem entender e por consequência, interagir. A família muitas vezes se sente sem chão ao receber este diagnóstico , não enxergando muitas vezes “luz no fim do túnel.”


O CÉREBRO DO AUTISTA É DIFERENTE
Segundo Zilbovicius et al. (2006), desde a década de oitenta, foram publicados cerca de 200 estudos sobre o tema; e as principais estruturas cerebrais relacionadas ao autismo incluem: o Cerebelo (atividades motoras, equilíbrio e a coordenação), a Amígdala (comportamento social e emocional), o Hipocampo (memória), Corpo Caloso (comunicação entre os dois hemisférios) e o Giro do Cíngulo (área de integração entre informação visual e sistema límbico). Na Philadelfia, o cientista Ashtari (2009) descobriu que há uma redução de matéria cinzenta (processamento da informação) na região da amígdala direita, que explicava a profunda inaptidão social. Quanto ao processamento do som pode se destacar informações importantes: há um atraso médio de 11 milissegundos (11/100 de segundos) no processamento do som e da linguagem no cérebro desta clientela (ROBERTS, 2010). Vários estudos também já comprovaram que a conexão entre os neurônios no cérebro autista pode também vir acompanhada de barulho ou ruído, como a estática de um rádio. Há, então, um processamento de baixa ordem ou fraca coerência central, ou seja, por isso tem dificuldade para escolher entre duas fontes de informação, porque geralmente causa uma “sobrecarga” ou “hiperestimulação” (SINCLAIR, 2001). Existem muitas outras pesquisas mostrando o porque da dificuldade do contato visual, processamento do outro e outras características cerebrais que provocam dificuldades em seu dia a dia.


A maioria do ponto fraco desta clientela pode ser melhorada pela música porque o cérebro estimulado por ela pode ficar mais desenvolvido exatamente nestes pontos já citados anteriormente.


A MUSICOTERAPIA que é aplicada por um profissional qualificado (graduado e/ou pós) pode ajudar a melhorar o potencial de interação e atuação do autista na vida. Alguns objetivos:


- Abrir canais de comunicação, organizar percepção e interação com o meio, estimular comunicação, verbalização e aceitação na mudança de rotina, diminuir estereotipias e ritmo, trabalhar verbalização, diálogo, comunicação, aceitação de limites, entendimento das regras sociais e das características dos neurotípicos. Sondar possibilidades de inclusão escolar, social, através da música ou outros.


Características cerebrais respeitadas e potenciais ampliados por ações da musicoterapeuta & Dicas para os familiares e cuidadores


Volume fraco empregado na voz da musicoterapeuta inicialmente, andamento mais lento ao verbalizar ações, depois demonstração visual, nunca ao mesmo tempo. Ter músicas demarcadoras da sessão como: boas vindas, arrumação da sala, preparação para o término e para a despedida. Provocar respostas musicais, verbais ou ativas, aguardando um tempo maior de resposta. Utilizar: células rítmicas, desenho melódico ou músicas para recriar e situar contexto terapêutico momentâneo, ritmo cerebral e corporal da criança imitado para iniciar interação e aumentá-la, gravuras de personagens de fixação-preferências (vê o mundo através de detalhes), coladas ou superpostas a instrumentos musicais do setting (geralmente os que tinham maior dificuldade de aproximação), simplificar ambiente e diminuir quantidade de instrumentos musicais, ir aumentando e variando gradativamente, exagerar depois variedades de intensidades sonoras e expressões faciais (orientar pais), traduzir o mundo do neurotípico verbalmente. Valorizar progressos de interação com o meio (sempre atualizando informações de seu dia a dia). Aumentar momentos de verbalização gradativamente.


*instrumentos musicais podem ser substituídos por outros objetos dependendo do contexto, os outros profissionais ou cuidadores envolvidos.

 
FINALIZANDO
A música consegue, comprovadamente, estimular todas as áreas cerebrais. Recentemente, Austin (2009), em sua pesquisa com crianças autistas e de grupo-controle, demonstra que autistas (95%) após sessões de musicoterapia tiveram maior número de respostas verbal e gestual. Estes dados apoiam a teoria de que a musicoterapia para crianças autistas aumenta respostas. Acrescento, baseada em minha prática, que quanto mais cedo a criança com este diagnóstico for submetida a sessões de musicoterapia, melhor é o prognóstico de possibilidades de desenvolvimento neuropsicomotor mais próximo do cérebro neurotípico, ou mais adaptada ao meio social atual. O cuidado científico no início, com as informações sobre o cérebro com TID, ajudaram-me a estabelecer o vínculo terapêutico mais rápido, conhecer melhor meu cliente, e conquistar os objetivos terapêuticos estabelecidos inicialmente.


Um jeito autista de ser e de viver pode ser ajudado pela musicoterapia a melhorar sua convivência no mundo da maioria neurológicamente típica tornando-o mais felizes a ambos.


*O trabalho científico produzido por esta autora está à disposição em sua íntegra :


www.musicoterapianopiaui.blogspot.com


“MUSICOTERAPIA, A PRÁTICA CLÍNICA VISTA SOB A ÓTICA DA NEUROCIÊNCIA”